domingo, 13 de maio de 2012

O início da minha história no NASF

        Formada em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas de Olinda - FACHO, onde concluí a graduação em 1989, iniciei minha primeira experiência em saúde pública como psicóloga na Secretaria Municipal de Saúde do Município de Abreu e Lima. Ao iniciar o meu trabalho fui lotada no NASF CENTRO no ano de 2008, quando da implantação do programa no município.
Logo no início das minhas atividades profissionais na Secretaria de Saúde do município pude constatar que se tratava de um novo, mas instigante desafio para mim. Como acontece, com muitos profissionais de psicologia na área da saúde, fui designada para desenvolver meu trabalho em uma das três equipes do NASF do município. Inicialmente a equipe consistia de cinco profissionais: uma Nutricionista, uma Fonoaudióloga, um Farmacêutico, uma Terapeuta Ocupacional que logo em seguida, viria a ser substituída por uma Fisioterapeuta, e uma Psicóloga - Eu. Iniciamos nossas atividades por conhecer as posições geográficas das Unidades de Saúde, assim como as equipes de profissionais com os quais trabalharíamos.
Na prática cotidiana, com as confrontações e dilemas vivenciados na Unidade de Saúde, ao iniciar minhas funções, ainda acreditava ser possível desenvolver atividades clínicas sem outras implicações numa instituição de caráter médico-sanitário, como o são os Centros de Saúde – ingenuidade de iniciante de uma prática ainda recém-nascida – o NASF. Porém, nada mais desestabilizador do que as incongruências e impasses surgidos do próprio trabalho. Como era de se esperar, em pouco tempo, eu havia sentido os efeitos do que se convencionou chamar de ambulatorização, compreendendo ambulatorização como a prática clínica tradicional da psicologia caracterizada ao realizar consultas em consultório; havia em mim a tendência hegemônica de atuação do psicólogo, centrado no caráter privatista e individualizante de atendimento. 
Longe da aproximação de uma construção da estruturação do saber-fazer do NASF junto a Atenção Básica, procurei no âmbito local questionar o que vinha acontecendo, buscando maior implicação com o trabalho que desenvolvia e tentando romper com um padrão de ações que julgava ser contraproducente. Em muitos momentos vivencio a angústia de estar repetindo um modelo tradicional de assistência, contrário ao modelo implantado pelo SUS objetivando ampliar a abrangência e o escopo das ações da Atenção Básica, através do NASF.
Foi então que decidi buscar modos concretos de operacionalizar minha prática profissional, para isto, fui à busca de informações a cerca do NASF e posteriormente o conhecimento mais abrangente e técnico através de um curso de Especialização em Saúde Mental com Enfoque na Atenção Básica, realizado na Faculdade Fassinetti do Recife – FAFIRE, no ano de 2009.
Os conhecimentos adquiridos e as discussões ampliadas para a esfera da saúde pública e um outro olhar possibilitado pela problematização quanto a esta nova práxis e ações de saúde no nível da Atenção Básica – suscitaram o meu desejo e a necessidade em aprofundar-me nesse debate.
No percurso trilhado até aqui no cotidiano de trabalho e ao longo do Curso de Especialização tive  a chance de amadurecer a idéia de que é preciso integrar os dispositivos de cuidado em saúde da Atenção Básica – ESF e NASF - tendo em vista o contexto das novas políticas de saúde mental no Brasil - como espaços legítimos de acolhimento, atendimento compartilhado, interdisciplinar, marcado pela troca de saberes entre os profissionais envolvidos capazes de contribuir para o processo de inversão do modelo assistencial e de reestruturação da rede de atenção em saúde mental. 
A prática psi desenvolvida nas unidades de saúde, local de atuação onde acaba por se deparar com uma infinidade de impasses, mas também com um universo de possibilidades de ação junto à comunidade bastante rico quando explorado.
Meu propósito consiste em divulgar como se dá o processo de trabalho do psicólogo do NASF, como são os modos de cuidado e a escuta oferecida em corresponsabilidade com os profissionais da ESF, as necessidades que emergem como problemas quanto à construção do saber/fazer compartilhado – concerne exatamente ao trabalho de analisar esta modalidade de atenção e de cuidado disponibilizados pela rede de atenção básica no município de Abreu e Lima. 








Um comentário:

  1. Oi Eliane, tudo bem?
    Sou psicóloga recém-formada e serei locada em um NASF no próximo mês, estou em busca de informações sobre a nossa prática nestes núcleos e acredito que seu blog será-me muito instrutivo. Obrigada pela iniciativa.
    Fábia de OLiveira

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